Artigo: Seu abraço, mapa de ternura
Seu abraço, mapa de ternura
Sempre achei curioso como o abraço da minha mãe tinha o poder de reorganizar as coisas. Mesmo nos dias comuns, sem grandes acontecimentos, havia algo naquele gesto que trazia calma — uma espécie de mapa silencioso que, de alguma forma, me devolvia a mim mesma.
Não sei exatamente quando percebi isso. Talvez tenha sido depois de adulta, quando os dias ficaram mais cheios e os encontros, mais raros. A vida vai puxando cada uma para um lado, e ainda assim, quando nos vemos, é como se aquele velho mapa se atualizasse.
O abraço dela nunca foi exagerado. Era firme, discreto, mas sempre presente. Um gesto que não pedia nada em troca, só oferecia: pausa, escuta, direção.
Penso que muita coisa que escolho hoje — o que visto, como cuido do que é meu, a forma como abraço quem eu amo — vem desse registro corporal. Um aprendizado que nunca foi dito em voz alta, mas que ficou.
Neste Dia das Mães, não falo de perfeição. Falo de presença. Daquilo que permanece mesmo quando o tempo passa. E de como um abraço, por mais simples que pareça, pode ser o lugar onde tudo começa a fazer sentido de novo.
Deixar comentário
Este site é protegido por hCaptcha e a Política de privacidade e os Termos de serviço do hCaptcha se aplicam.